Como fazer roteiros engraçados?
Você sabe como os programas de humor são construídos? Já imaginou todo o trabalho e empenho dedicados nos bastidores por produtores e roteiristas? É sobre justamente esse assunto que vamos conversar com a roteirista e redatora de conteúdo Beth Moreno.
Sobre a convidada
Beth Moreno começou a sua vida profissional na área de TI (Tecnologia da Informação).Também estudou Design Gráfico e Gestão de Marketing, anos após. Apesar disso, sempre teve uma paixão pelo humor. Mesmo ainda sem estudar comunicação, ela já escrevia roteiros, acompanhava blogs de humor, assistia a séries de comédia e, desde pequena, também criava muitas sátiras.
Com o tempo, Beth passou a ser chamada para trabalhar na produção de conteúdo humorístico e acabou optando por cursar jornalismo e roteiro, alguns à frente. Atuou na Rede Bandeirantes, ao lado de Marcelo Zorzanelli, um dos co-criadores do Sensacionalismo. Trabalhou com o Ulisses Mattos, que também é roteirista. No seu currículo, Beth tem passagem pela Sony Pictures Entertainment, pelo site Kibe Loco, pela Rede Globo, Globosat, pelo Grupo Jovem Pan, SescTV, dentre outras empresas.
Qual o processo de produção de um roteiro?
A roteirista conta que, normalmente, o projeto já se encontra desenhado, quando o roteirista começa a desenvolver a sua produção. Na área do audiovisual, os profissionais chamam esse primeiro planejamento de “bíblia”, que se refere a todos os detalhes daquele produto, podendo ser uma série, um sitcom ou qualquer outro tipo. Neste momento, são pensadas as premissas, os personagens, o cenário, a ambientação, a curva dramática e demais questões pertinentes ao mundo daquela produção.
Por sua vez, o roteirista dá início à criação da história, criando assim o que chamam de escaleta. Isso nada mais é do que a estruturação da história em um roteiro, onde são pensadas e descritas as sinopses de cada cena. Seu intuito é analisar se toda a história criada está seguindo o que foi pensado na “bíblia”. Nesta matéria, você pode entender melhor sobre o assunto.
Como tornar a história mais engraçada?
Segundo Beth, tudo depende do que está sendo escrito. No caso de um sitcom, por exemplo, ela cita que para cada minuto de apresentação seriam necessárias duas risadas da plateia. É algo que já está previsto para uma produção desse gênero.
Além disso, a roteirista também cita ser fundamental consumir conteúdos da sua área profissional. É essencial que um roteirista consuma filmes, séries, leia muitos livros sobre o assunto ou sobre o gênero com o qual trabalha, assista a novelas e às melhores entrevistas de comédia.
Ela também conta que para a produção de uma determinada produção audiovisual sobre nordestinos foram contratados roteiristas da região nordeste do Brasil. Isso contribui bastante para que os produtos finais contenham elementos que realmente expressem familiaridade com a cultura e a linguagem do local trabalhado.
E se a piada não se encaixar com a história que está sendo contada?
Para Beth, um bom roteirista é aquele que cria e recria. Segundo ela, o profissional não pode ter apego com aquilo que está sendo desenvolvido, haja vista que em alguns momentos pode não se encaixar ao contexto da produção ou até mesmo a piada que foi pensada para o roteiro pode, simplesmente, soar sem graça.
Por isso, ela indica que sempre haja alterações na produção sempre que houver necessidade. Na nossa conversa, ela se lembra de um episódio em que acabou perdendo o arquivo de sua escrita e teve que escrever novamente do zero todo o conteúdo. Para ela, o produto ficou ainda melhor na segunda versão.
Hoje em dia, está mais difícil fazer humor?
“O humor sempre vai ser a distorção da realidade. Não é a realidade em si. A gente tem que se adaptar. Existem diferentes tipos de gêneros. Há quem goste e há quem não goste. Mas temos que entender que há público para muitos tipos de humor”.
Muito legal a nossa conversa de hoje, não é verdade? Não perca tempo e assista ao vídeo completo, no início deste artigo, para entender mais sobre o assunto.
Entrevista por Fernando Vitolo
Matéria escrita: Carlos Augusto Júnior