Existe mídia imparcial?
Você acha que existe alguma mídia imparcial no Brasil? Já se perguntou se uma determinada notícia tem algum viés ou não? Por que isso acontece? No nosso artigo de hoje, conversaremos um pouco sobre o assunto com André Castilho, radialista, e com Ricardo Alexandre, que é jornalista.
Sobre os convidados
André Castilho
André é apaixonado pela África, por missões e pelo ensino da palavra de Deus, de acordo com a Rádio Trans Mundial, onde trabalha, e desde 2005 integra a missão da RTM. Em quase 15 anos já exerceu várias funções na rádio. Até 2019, era diretor de produção, além de produtor e apresentador dos programas Conversando com Luiz Sayão, 180 graus e Entendendo a Bíblia.
Ricardo Alexandre
Ricardo Alexandre é jornalista e escritor, com mais de vinte anos de experiência nos maiores grupos de comunicação do país. Foi repórter e crítico de música no “Estadão”, gerente de conteúdo na “Usina do Som”, diretor de redação das revistas “Bizz”, “Trip” e “Época São Paulo”. Participou da criação do primeiro projeto das Organizações Globo para a internet, a Somlivre.Com. Assim descreve Ricardo, em seu perfil no Linkedin.
Escreveu e dirigiu documentários – entre eles “Napalm: O som da cidade industrial”, “Ronnie Von: Quando éramos príncipes” e “Sem Dentes: Banguela Records e a Turma de 94” – e produziu, escreveu e apresentou programas para a 89 FM de São Paulo. Na televisão, foi colunista de cultura da TV Ideal, da extinta TVA. Seu livro mais conhecido é “Nem vem que não tem: A vida e o veneno de Wilson Simonal”, vencedor do Prêmio Jabuti 2010 como a melhor biografia do ano. Já escreveu reportagens para a “Folha de S.Paulo”, “Carta Capital”, “Vida Simples” e “Superinteressante”, e roteiros para os canais BIS e Multishow.
Quais as primeiras perguntas que devem ser respondidas em uma notícia?
O lide trata-se da primeira parte de uma notícia, depois do título e subtítulo. Geralmente localizado no primeiro parágrafo, o lide tem como finalidade responder as perguntas essenciais sobre o fato.
É consagrado no jornalismo que no mínimo 6 perguntas sejam respondidas: o quê (a ação), quem (o agente), quando (o tempo), onde (o lugar), como (o modo) e por que (o motivo). Segundo Alexandre:
“No lide, as respostas são objetivas. Mas você tem outro contingente que é subjetivo, como, por exemplo, as respostas de “como” e “por que” algo aconteceu. Eu, respondendo a essas perguntas, vou responder de uma maneira, meu filho vai responder de outra, o cara do pedágio vai ter outra visão. É impossível você dar uma notícia com esse nível de objetividade que o povo exige”.
Sempre há subjetividade em um notícia
Como lembra André, qualquer notícia foi escrita por um ser humano, que têm posições e crenças, sejam políticas, sociais ou de qualquer ordem que for. Então, é necessário que o leitor saiba de quem e de onde está consumindo aquele determinado conteúdo.
Ainda reforça que todo veículo de comunicação deveria ser honesto e deixar clara a sua linha editorial, quais as posições e correntes políticas sustentadas pelos jornais, revistas e rádios, por exemplo.
‘‘É até bom que os jornais deixem clara qual é a sua linha editorial e qual é a linha que eles seguem. ‘Ah, esse jornal é mais liberal, esse aqui é mais conservador’. Isso que é importante”.
E sobre a quantidade de notícias trágicas publicadas durante a pandemia?
Em um momento da nossa conversa, André lembrou justamente sobre esse assunto:
“Eu ouvi palestras de psicólogos dizendo que não tinha jeito. Qualquer notícia teria como foco a pandemia que estamos vivendo. Uma pandemia igual a essa só aconteceu há 100 anos. Ou seja, 3 a 4 gerações. Então é claro que todo mundo vai falar sobre isso. E os psicólogos disseram que as pessoas deveriam ler o mínimo, senão ficaríamos malucos.”
As notícias de hoje repassam mais informação ou opinião?
Alexandre inicia a nossa conversa debatendo justamente sobre essa pergunta. Para ele, a atual geração não está preparada para lidar com o divergente. Entendemos, de algum modo, que esse fator empobrece o debate público na sociedade.
Para André, a angústia de muitas pessoas, até mesmo por fatores políticos, acaba as distanciando do debate. Porém, ele também acredita que ninguém pode deixar de saber o que está acontecendo no mundo ou reconhecer a verdade. Isso contribui diretamente para tomadas de decisões.
Castilho também lembra de uma série que se chama Breaking News e que evidencia a objetividade do jornalismo televisivo. Traduzindo a descrição do IMDb, a série conta a história da equipe de notícias da I24, uma rede de notícias a cabo 24 horas. Bill Dunne é o âncora da hora das notícias da rede. Ele se juntou a Janet LeClaire, uma loira atraente que assume a posição de co-âncora quando seu antecessor morre, apesar de sua falta de um histórico sério de notícias. Os âncoras e as personalidades fora das câmeras no estúdio são acompanhadas pelas histórias de vários repórteres e câmeras do “Homem em cena”.
Há uma crise de comunicação?
Segundo Alexandre há vários fatores que geram uma crise de comunicação na democracia. Ele lembra que as pessoas têm conteúdo o tempo todo e existe uma hiperinflação de ofertas. Também cita a frase do CEO da Jovem Pan, Antônio Augusto Amaral de Carvalho Filho, quando diz que com essa grande quantidade de informação circulando, o que gera audiência é a opinião. Segundo ele, a opinião que vai diferenciar um veículo de hoje.
Mas existe uma mídia imparcial?
Os dois profissionais concordam que não existem mídias imparciais. O processo de comunicação advém de uma cadeia enorme, desde a fonte que repassou as informações até a notícia devidamente publicada. Para Alexandre, uma questão é questionar a mídia, outra é as pessoas considerarem que não precisam mais de jornais.
Segundo André, existe a técnica para chegar ao máximo à objetividade. Além disso, ele diz que devemos valorizar o profissional que se preparou durante toda a sua vida e tem formação muito bem construída em sua área.
Gostaram de saber um pouco sobre esse assunto com dois profissionais da área da comunicação? Por isso, não perca tempo e assista ao vídeo completo, no início deste artigo, para ter acesso a mais informações. E não se esqueça: Empreenda, invista e mude sua vida!
Entrevista por Fernando Vitolo
Matéria escrita: Carlos Augusto Júnior