O Cancelamento da Cultura Russa
No começo da pandemia muitos disseram que o ser humano iria mudar para melhor. Mas o tempo foi passando e talvez só tenha revelado o pior das pessoas. A guerra entre Rússia e Ucrânia também não está longe disso.
Russo Tosco
Tenho um amigo, Ivan Alatxeve, muito experiente no varejo. Passou por grandes multinacionais, depois abriu uma agência com foco em embalagens para alimentos e depois se dedicou à consultoria de negócios de varejo.
Após ter contraído covid, ter mais de 80% do pulmão comprometido e diversas outras consequências, ele teve o desejo de voltar para o varejo. Dessa vez com um negócio mais inovador, com um modelo de negócios diferente do varejo habitual.
Pois bem, a família do Ivan é descendente de Russos. E ele criou todo um conceito da marca com o nome RUSSO TOSCO. Claro que isso foi idealizado antes de estourar a guerra. Não é nenhuma tentativa de chamar Putin de tosco (que por um lado estaria correto, mas seria um adjetivo muito leve para um ditador).
Em sua conta no Instagram (@russotosco), Ivan conta um pouco da sua trajetória e também sua experiência no Leste Europeu. O mais absurdo, ao meu ver, é que chegamos num ponto das pessoas questionando o nome, pedindo para mudar, desconfiando.
Cancelamento da Cultura Russa
Com a guerra, muitas pessoas querem mostrar seu apoio à Ucrânia, mas talvez de maneira totalmente equivocada. Não é mudando o nome do drinque Moscow Mule ou deixando de vender estrogonofe que vamos chegar a algum lugar.
A cultura Russa está recheada de coisas boas; bebidas, gastronomia, pinturas, música, danças, roupas, arquitetura. Nós vamos extinguir tudo isso?
É importante destacar que a posição de uma pessoa não necessariamente reflete um povo inteiro. E isso podemos observar em vários pontos da história da humanidade.
Vou colocar aqui o trecho do texto do Bruno Scartozzoni que foi publicado em suas redes sociais:
“Por trás desse fenômeno penso que existe uma crescente incapacidade de convivermos com ideias diferentes e, pior ainda, pessoas complexas. Tudo que eu não gosto, ou não compreendo, eu quero seja eliminado não só da minha vida, mas da sociedade. Pessoas físicas canceladas não podem mais sair de casa ou conseguir um emprego. Uma cultura cancelada não pode mais ser lida, ouvida ou saboreada. Putin é um ditador maluco, mas esse espírito que cresce na nossa sociedade não fica muito atrás não…”.
Devemos então jogar fora toda a história do cinema. Quem aí conhece “O Encouraçado Potemkin”? Pois é, foi responsável por inaugurar toda a linguagem do cinema.
Quando que o samba irá para a lata do lixo?
Meu amigo Zeca Martins, publicitário, disse uma coisa extremamente importante. Quando um país faz uma bobagem iremos cancelar tudo? Se os EUA pisar na bola vamos parar de ouvir Jazz? Nós paramos de beber a cerveja Alemã após a segunda guerra? Para o Brasil sofrer um cancelamento desse não será por falta de bobagens.
Nas palavras do Zeca:
“Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.”
Estupidez Humana
Ao meu ver, a melhor forma de reagirmos ao que está acontecendo, é nos posicionarmos nas redes sociais, é cobrarmos nossos representantes, cobrarmos as empresas que somos clientes de um posicionamento e abraçarmos os povos.
Parece que Einstein uma vez disse:
Duas coisas são infinitas: o universo e a estupidez humana. Mas, em relação ao universo, ainda não tenho certeza absoluta.
Vamos esperar e ver as cenas dos próximos capítulos.